Educadores precisam de formação especial em tempos de crise

O fortalecimento emocional e técnico de educadores das redes públicas de Roraima é o principal objetivo do Seminário ‘Criança e Adolescente: Bem Comum – Educação para Tempos de Emergência’.

Boa Vista (RR), 17 de abril de 2019 – Profissionais de educação das redes públicas municipal, estadual e federal estarão reunidos no Centro de Ciências e Saúde da Universidade Federal de Roraima (UFRR) nos dias 23 e 24 de abril, em busca de uma resposta humanitária no contexto da chamada ‘Pedagogia de Emergência’. O Seminário ‘Criança e Adolescente: Bem Comum – Educação para Tempos de Emergência’, é iniciativa da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) em parceria com o Fundo Internacional de Emergência para a Infância da ONU (Unicef), Universidade Federal de Roraima (UFRR) e apoio das instituições Pedagogia de Emergência e Aliança pela Infância. O evento também terá participação de docentes e estudantes da universidade.

Trata-se da expansão de dois programas realizados anteriormente no estado de Roraima, no âmbito do Projeto O Bem Comum, desenvolvido pela FFHI. O primeiro, ocorrido em novembro do ano passado, foi o  seminário “Criança e Adolescente: Bem comum – Educação para inclusão intercultural de crianças e adolescentes imigrantes”, realizado na Escola de Música de Roraima, com a participação de cerca de 260 educadores da rede pública. O segundo foi o encontro ‘Educação em Tempos de Emergência’, em março de 2019 e que uniu cerca de 150 educadores que atuam diretamente nos abrigos para venezuelanos refugiados.

“Dada a relevância do tema, vimos estendendo e unificando as atividades no entorno da questão de educar e acolher essas crianças  socialmente. A rede pública de educação é aderente à ampliação dessa mobilização, que engloba a FFHI, UNICEF, UFRR e demais instituições”, observa Anderson Santiago, coordenador de educação da FFHI . Ele considera que o assunto não deverá se esgotar em mais este evento. “Muito pelo contrário, precisamos ampliar a discussão, uma vez que a educação é um processo contínuo”.

O alto índice de crianças e adolescentes que migraram da Venezuela para o Brasil e agora, em situação de vulnerabilidade, ingressaram na rede pública de ensino, torna essencial esse preparo específico para os educadores. Trata-se da expansão do programa ‘Educação em Tempos de Emergência’, já implantado pela FFHI nos 10 abrigos de refugiados venezuelanos na capital e região. Estima-se que cerca de 7.000 crianças e adolescentes migrantes da Venezuela vivam atualmente nas cidades de Boa Vista e Pacaraima.

Seminário Criança e Adolescente: Bem Comum – Educação em Tempos de Emergência

Com mais de 30.000 refugiados venezuelanos já acolhidos no Brasil e com a continuidade da crise no país vizinho sinalizando que esse número pode crescer de forma significativa, a Pedagogia de Emergência é uma forma de atenuar a situação de jovens e crianças que passaram por perdas emocionais e materiais. O treinamento é dirigido àqueles que vão educar jovens e crianças refugiados, tornando-se parte do esforço para deixar para trás o caos que levou os venezuelanos a cruzarem a fronteira.

O seminário  faz parte do leque de atividades desenvolvidas pela FFHI em Roraima desde 2016, no contexto do Projeto educacional O Bem Comum, na Missão Permanente que a FFHI mantém no estado.  A próxima edição vai receber convidados de diversas instituições que participam da resposta humanitária de emergência, trabalhando diretamente em abrigos para refugiados.

Uma crise global

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 70 milhões de pessoas estão em deslocamento no planeta, em uma onda migratória só comparável à da 2ª Guerra Mundial, na década de 1940. Desse total, quase a metade, ou cerca de 30 milhões, é de crianças e jovens em idade escolar.

Além das necessidades básicas de sobrevivência, é essencial educar essas crianças, mesmo alojadas em acampamentos provisórios, como ocorre em Roraima. A Pedagogia de Emergência já foi utilizada com crianças, jovens, educadores e pais afetados por catástrofes naturais como terremotos, tsunamis, furacões e deslizamentos em países como China, Indonésia, Haiti, Japão, Filipinas, Bósnia e Equador. Regiões afetadas por conflitos armados, como a Faixa do Gaza, Líbano, Quirguistão, Curdistão e Iraque também já receberam programas desse tipo.

Crianças impactadas por situações de crise exibem sintomas de medo, pânico, distúrbios do sono, problemas na alimentação, no relacionamento e desenvolvimento pessoal. No Brasil, desastres relacionados a chuvas e estiagens prolongadas, além de problemas gerados pela desigualdade social e a violência doméstica contra jovens e crianças vêm produzindo os mesmos sintomas em números crescentes. Os programas existentes não conseguem atingir todos os jovens  que necessitam de atenção e acabam restritos a organizações sociais.

SERVIÇO
2º seminário ‘Criança e Adolescente: Bem Comum – Educação para Tempos de Emergência’

Datas: terça-feira, 23/4 e quarta-feira, 24/4/2019

Local: Universidade Federal de Roraima (UFRR)- CCS – Centro de Ciências da Saúde e Procisa – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Turnos: Manhã e tarde

SOBRE A PEDAGOGIA DE EMERGÊNCIA

Criada na Alemanha pela Associação Amigos da Arte de Educar Rudolf Steiner (Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiner) em 2006, faz intervenções de Pedagogia de Emergência em situações de crise em áreas de conflito e catástrofes naturais, com o objetivo de evitar, ou influenciar positivamente, o desenvolvimento de sequelas e distúrbios traumáticos em crianças e jovens. No Brasil, o grupo de Pedagogia de Emergência foi formado em 2012 e atua principalmente com educadores e professores de comunidades carentes. O grupo conta com nove integrantes, entre eles pedagogos do sistema Waldorf, de vivência, músicos, terapeutas e educadores sociais.

SOBRE A ALIANÇA PELA INFÂNCIA

A Aliança pela Infância é um movimento internacional de preservação da infância digna e saudável. É formada em rede por voluntários educadores, profissionais da saúde, artistas cuja responsabilidade coordenar e realizar campanhas, projetos, programas de formação e ações que visem ao respeito à infância, independente das condições nas quais haja a presença de crianças. http://aliancapelainfancia.org.br

SOBRE A FRATERNIDADE – FEDERAÇÃO HUMANITÁRIA INTERNACIONAL:

Fundada em 1990 e sediada em Carmo da Cachoeira (MG), a Fraternidade é uma rede global de caráter filosófico, cultural, humanitário, ambiental e beneficente, com mais de 60 mil voluntários espalhados pelo  mundo que trabalham pela propagação da paz. Congrega 21 associações civis, nacionais e internacionais, com grupos coligados que atuam em 18 países. Entre suas principais atividades estão missões humanitárias em situações críticas em diversas regiões do mundo, com missões realizadas em países como Uruguai, Etiópia, Cone Sul, Turquia, Quênia, Congo e Nepal, além das missões no sertão do Brasil. As principais missões da Fraternidade em andamento ocorrem em Roraima desde 2016, e na Colombia desde junho 2019, ambas em apoio a  centenas de refugiados que chegam diariamente da Venezuela. As missões são realizadas pela FMHI – Missões Humanitárias Internacionais, divisão da FFHI. De ação independente e neutra, a Fraternidade atua sem vínculos políticos ou econômicos e é não-sectária, acolhendo todos os credos, culturas e religiões. Todas as atividades são financiadas por doações.

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