Manaus, AM – 23/9/2019 – Depois de Roraima, Bogotá e Cúcuta, na Colômbia, missionários da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) estão assumindo quarta frente humanitária de trabalho junto a refugiados venezuelanos, agora em Manaus. Com esta iniciativa, a FFHI amplia seu envolvimento com a Operação Acolhida, resposta humanitária integrada pelo governo do Brasil, a ONU e entidades da sociedade civil.

Melhores condições para atender refugiados que continuam chegando ao Brasil às centenas diariamente, levaram a Operação Acolhida a estender o trabalho para além de Roraima. Manaus é a maior cidade do Norte do país e hoje detém grande número de refugiados venezuelanos – cerca de 3.000, ou o equivalente a 1,7% da população local, de 2,15 milhões, segundo o Exército brasileiro. As atividades de estruturação e adequação da missão já estão em curso e devem ser concluídas em meados de outubro.

Envolvimento da FFHI

FFHI, organização não governamental (ONG) criada e sediada no município de Carmo da Cachoeira (MG), vem realizando missões humanitárias desde 1987 no Brasil e em várias partes do mundo. Voluntários da instituição já marcaram presença em verdadeiras catástrofes sociais, naturais e ambientais, fugas de conflitos e perseguições de cunho étnico, no Brasil e em países como Uruguai, Chile, Etiópia, Ruanda, Nepal, Turquia, Egito e Argentina.

Cenário em Manaus

O processo de interiorização consiste no acolhimento definitivo do refugiado, uma iniciativa do governo brasileiro que conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU). Em Manaus, dadas as condições limitadas de atendimento em Roraima, esse processo vinha ocorrendo organicamente, com muitos refugiados que se deslocaram por iniciativa própria, em busca de um destino fixo. Esse deslocamento causou a necessidade de uma nova frente da Operação Acolhida.

“Em meados de agosto deste ano o Exército e o Comitê Federal confirmaram oficialmente que Manaus passaria a fazer parte da Operação Acolhida, além de Roraima“, relata José Egas, representante da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil. “Manaus tem recebido um grande número de pessoas, indígenas e não indígenas, e essa população tem vivido em situação precária, o que tem chamado a atenção do governo e da ONU. O governo brasileiro decidiu, então, ampliar o processo de interiorização e assinou vários acordos com empresas aéreas, conseguindo vagas em voos, para que os refugiados sigam viagem a cidades que possam acolhê-los”. É uma ação conjunta e articulada entre sociedade civil, órgãos governamentais e empresários no Brasil inteiro.

Em Manaus, um “alojamento de trânsito” está sendo organizado para servir de base para a população venezuelana em fase final de interiorização. A atuação da FFHI prevê ser mediadora junto aos governos estadual e municipal em relação a uma saída para as premências humanitárias locais.

Frei Luciano, gestor geral da FFHI, relata que a chegada da ONG a Manaus tem a finalidade de executar e organizar a fase denominada de ‘interiorização’, atuando nesses alojamentos de trânsito com refugiados que já passaram pelas etapas de regularização de documentos, receberam vacinas e em alguns casos, alguma capacitação. Um dos projetos da FFHI nesse contexto é criar condições para que os refugiados aprendam o português, antes de se dirigirem a outros estados do Brasil”, explica.

FFHI em Manaus

O trabalho da FFHI nos alojamentos de Manaus não difere daquele realizado desde 2016 em cinco dos 12 abrigos de Roraima. “Organizar os ambientes que foram designados para acolher os refugiados, propiciar segurança, higiene e o mínimo de conforto humano começa com um treinamento interno da equipe“, explica Clara, missionária e coordenadora de campo da FFHI.

“É preciso treinar a nova equipe, composta por 11 pessoas, para que todos aprendam a se observar para atuar adequadamente no contexto complexo que será enfrentado. Esse treinamento tem uma parte teórica, do por quê desta situação, de onde vêm essas pessoas, e depois, orientações práticas, como preenchimento de formulários, apresentação de documentos e principalmente, qual é a postura adequada de como um contratado ou voluntário deve agir diante de pessoas que vêm de uma saga que as submeteram a um deslocamento forçado e muito sofrimento“, detalha a coordenadora.

A atuação dos missionários inclui auxiliar na reestruturação e na retomada de uma vida digna. Com a crise migratória global em franca expansão, o ‘know-how’ acumulado da FFHI, construído na prática, já é reconhecido e demandado por instituições multinacionais como o próprio ACNUR.

Mão amiga e braço forte”

As Forças Armadas têm agido com sucesso no gerenciamento da crise humanitária envolvendo os venezuelanos no Norte do país. Segundo o Tenente Coronel Castro Freitas, porta-voz da Operação Acolhida, a chegada da missão em Manaus também tem a proposta de ordenar os espaços urbanos, em benefício dos refugiados e dos moradores locais. “Até há pouco mais de um mês havia refugiados ocupando as ruas no entorno da rodoviária de Manaus, já que a maioria chega de ônibus à cidade. Hoje o albergue preparado para recebê-los está totalmente organizado com uma área para pernoite, com uma área de banheiros, lavanderia e de uma área para refeições“, explica o militar.

Dados – Operação acolhida

  • Trabalhos de triagem, identificação e imunização dos venezuelanos e construção, recuperação e ampliação de abrigos;
  • Apoio logístico em transporte, alimentação e saúde;
  • Suporte para o processo de interiorização do imigrante;
  • 24 Estados já receberam refugiados;
  • Cerca de 20 mil venezuelanos já foram interiorizados pela Operação Acolhida;
  • Os estados que mais receberam refugiados até agora são AM (2.860) SP (1.488) RS (1.428);
  • Diariamente são realizados contatos junto a empresários de todo o Brasil com o intuito de promover um encontro desses empresários com os venezuelanos especializados.

Crise da Venezuela

Desde 2013, quando uma crise sócio-política sem precedentes instalou-se na Venezuela, mais de 10% da população daquele país, algo próximo a quatro milhões de pessoas, migraram para outros países da América Latina, entre eles Brasil e Colômbia. O estado brasileiro de Roraima, que faz fronteira com a Venezuela, já recebeu mais de 120 mil refugiados, sendo que hoje 20% da população em Roraima já é constituída de venezuelanos. A população de rua na cidade de Boa Vista já passa de 3,5 mil pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

SOBRE A FRATERNIDADE – FEDERAÇÃO HUMANITÁRIA INTERNACIONAL:

Fundada em 1987 e sediada em Carmo da Cachoeira (MG), a Fraternidade é uma rede global de caráter filosófico, cultural, humanitário, ambiental e beneficente,conta com a visita e adesão a suas iniciativas ao longo de 32 anos, cerca de 60 mil voluntários que trabalham pela propagação da paz. Congrega 23 associações civis, nacionais e internacionais, com grupos coligados que atuam em 18 países. Entre suas principais atividades estão missões humanitárias em situações críticas em diversas regiões do mundo, com missões realizadas em países como Uruguai, Argentina, Etiópia, Turquia, Quênia, Congo e Nepal, além de missões no sertão brasileiro e em Mariana e Brumadinho, após o rompimento de barragens com rejeitos de mineração. As principais missões da Fraternidade em andamento ocorrem em Roraima desde 2016, e na Colômbia desde setembro 2018, ambas em apoio a centenas de refugiados que chegam diariamente da Venezuela. As missões são realizadas pela FMHI – Missões Humanitárias Internacionais, filiada à FFHI. De ação independente e neutra, a FFHI atua sem vínculos políticos ou econômicos e é não sectária, acolhendo todos os credos, raças,culturas e religiões. Todas as atividades são financiadas por doações.

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