Acirramento da crise amplia chegada de refugiados venezuelanos a Roraima

Boa Vista (RR), 04 de maio de 2019 – Mais de 800 refugiados venezuelanos cruzaram a fronteira em Roraima no dia 1 de maio, praticamente o triplo do total diário que vinha ocorrendo. Para o Exército Brasileiro, o número – novo recorde para um dia, aponta para uma tendência de aumento no fluxo de refugiados para o Brasil, pelo menos enquanto permanecer a crise política no país vizinho e a fragilidade social dos que chegam aos abrigos instalados em Roraima.

Mais de 8000 venezuelanos já foram atendidos em Roraima pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), em 05 dos 10 abrigos em funcionamento no estado desde 2016. Dentre eles, há 2.700 crianças e 1430 indígenas. O percurso para muitos refugiados, da capital venezuelana, Caracas, até a capital de Roraima, Boa Vista, é de aproximadamente 220 km. Ao cruzarem a fronteira com o Brasil, equipes do Exército dão amparo aos que solicitam acolhimento em abrigos. “Os recém-chegados não precisam mais fazer esse trecho da divisa entre os países aos abrigos a pé, como ocorreu com os primeiros refugiados”, explica Clara, coordenadora geral da Missão Permanente mantida pela FFHI.

Dentro da Operação Acolhida, que envolve instituições como a FFHI, há um plano de contingência para o esperado aumento na chegada de refugiados. “Normalmente chegam cerca de 400 refugiados por dia, dos quais pelo menos 80 pedem abrigo. Por ora, há condições de acolhimento mas aguardamos providências para ampliar essa estrutura pois sabemos que mais gente vem por aí”, explica Clara. “Temos essa certeza porque os próprios abrigados dizem que há muitas pessoas a caminho do Brasil”.

Acolhimento aos venezuelanos

A FFHI está presente com uma Missão Permanente, atuando desde 2016 em cinco dos 10 abrigos de venezuelanos para  atender às demandas humanitárias que a situação exige. Em Roraima, o trabalho conta com o apoio do Alto Comissariado para Refugiados (ACNUR) e do Fundo Internacional de Emergência para a Infância (UNICEF), ambas entidades das Nações Unidas (ONU).

A vocação missionária e a capacidade da FFHI para superar barreiras geográficas, políticas e culturais, concluindo suas missões com resultados positivos, torna a presença da instituição cada vez mais necessária e desejável em situações críticas no Brasil e no mundo.

Realidade global

O status de refugiado retrata uma realidade global que cresce de forma vertiginosa e que nos últimos anos se tornou visível também na América Latina e particularmente no Brasil, com a chegada de refugiados do Haiti, Cuba, Síria e mais recentemente, em números crescentes, da Venezuela. Só em 2017, mais de 33 mil pessoas pediram refúgio no Brasil, e o total anual vem crescendo rapidamente desde 2010.

Em junho de 2018, no Dia Mundial do Refugiado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revelou que o número de refugiados no mundo passou de 68 milhões. Deste total, e que cerca de 25% foram deslocados de suas origens só em 2017, confirmando um crescimento acelerado naquele ano: um novo refugiado no mundo a cada dois segundos.

O papel da Fraternidade

Há muitos anos essa realidade, em franca expansão, não escapa aos olhos e às mãos da FFHI, veteranos que são dos esforços humanitários dentro e fora do Brasil. Sem alarde e  para surpresa da maioria dos brasileiros que desconhecem sua existência, a entidade criada e sediada no Brasil, no município de Carmo da Cachoeira (MG), vem realizando missões humanitárias aqui e em outros países desde a década de 1990. Seus voluntários já marcaram presença em verdadeiras catástrofes sociais, naturais e ambientais, fugas de conflitos e perseguições de cunho étnico, em países como Etiópia, Ruanda, Nepal, Turquia e Argentina, além do Brasil.

Em pouco mais de duas décadas, a FFHI realizou mais de 20 missões humanitárias nacionais e internacionais, juntamente com 21 associações civis dentro e fora do Brasil a ela ligadas. Em diversas missões na África, missionários da FFHI trabalharam lado a lado com entidades reconhecidas mundialmente, como as Irmãs Missionárias da Caridade, instituição criada por Madre Teresa de Calcutá. Todo o trabalho da FFHI é sustentado por doações e a entidade não recebe qualquer remuneração.

A experiência acumulada em diversas missões contribuiu para o desenvolvimento de uma metodologia própria, para interferir e ajudar populações atingidas e em situações de crise, de forma humanitária e sustentável. A atuação dos missionários inclui atendimento médico, terapêutico, psicológico e educacional, auxiliando na reestruturação e na retomada de uma vida digna. Com a crise migratória global em franca expansão, o ‘know-how’ acumulado da FFHI, construído na prática, já é reconhecido e demandado por instituições de penetração global.

SOBRE A FRATERNIDADE – FEDERAÇÃO HUMANITÁRIA INTERNACIONAL:

Fundada em 1990 e sediada em Carmo da Cachoeira (MG), a Fraternidade é uma rede global de caráter filosófico, cultural, humanitário, ambiental e beneficente, com mais de 60 mil voluntários espalhados pelo  mundo que trabalham pela propagação da paz. Congrega 21 associações civis, nacionais e internacionais, com grupos coligados que atuam em 18 países. Entre suas principais atividades estão missões humanitárias em situações críticas em diversas regiões do mundo, com missões realizadas em países como Uruguai, Etiópia, Cone Sul, Turquia, Quênia, Congo e Nepal, além das missões no sertão do Brasil. As principais missões da Fraternidade em andamento ocorrem em Roraima desde 2016, e na Colombia desde junho 2019, ambas em apoio a  centenas de refugiados que chegam diariamente da Venezuela. As missões são realizadas pela FMHI – Missões Humanitárias Internacionais, divisão da FFHI. De ação independente e neutra, a Fraternidade atua sem vínculos políticos ou econômicos e é não-sectária, acolhendo todos os credos, culturas e religiões. Todas as atividades são financiadas por doações.

Na web:
Fraternidade
https://www.fraterinternacional.org/
Doações:
https://doeparafraternidade.org/

INFORMAÇÕES PARA JORNALISTAS:
Renata Garcia +55 11 93355-2472
imprensa@fraterinternacional.org