O despertar da consciência para a proteção de todos os Reinos da Natureza
Já pensou em adotar um cão? Transformar casos de abandono e dor em histórias de amor? A comercialização de animais pela indústria pet resulta todos os anos em denúncias de diversas crueldades, como a procriação exaustiva da fêmea, filhotes abatidos para seleção de características da raça e maus tratos, visando o lucro através de vidas. Para equilibrar esses efeitos, adotar ajuda no despertar da visão amorosa, bem como na redução de novos abandonos e crimes.
Completando, em 2020, 10 anos de serviço nesse segmento de auxílio, o Parque Francisco de Assis, à época Sociedade Lavrense de Proteção aos Animais, transformou um antigo abatedouro de animais, com divisa a um córrego, em um verdadeiro refúgio para a recuperação e transição desses nossos irmãos de quatro patas. Além da reforma da estrutura física, também reflorestou a Área de Proteção Permanente – APP, integrando ao projeto diversas frentes de atuação sustentáveis. A receita é oriunda de doações espontâneas, convênio com a prefeitura, rifas, bazares, trabalho voluntário, além da venda do livro Viver o Amor aos Cães, escrito por Ana Regina Nogueira e inspirado no trabalho realizado no Parque.
As coordenadoras do projeto, Agulucia Amarante, Lenilce Gomide e Patrícia Arriel, dividem as tarefas que ficaram ainda mais intensas esse ano por conta da pandemia do Covid-19. “Precisamos demais das doações para a manutenção, que é muito complexa, e a adoção dos cães é fundamental, é o que completa o ciclo da existência do Parque. Temos que ser um local de recuperação e passagem, não o lar definitivo”, explica Patrícia.
A feirinha de adoção semanal, que antes era realizada na praça central, agora passou a ser virtual. Voluntária responsável pelas adoções há seis anos, Elvira Alves Braz já pensava em criar algo nas redes sociais, e nesse período colocou em prática o Adota Parque. Com linguagem do universo pet, todos os cães ganham nomes carinhosos e se tornam mais próximos de quem procura um amigo. As fotos e histórias atraem também pessoas que moram longe, expandindo muito a abrangência do trabalho.
Através das divulgações do Adota Parque houve um aumento imediato nas adoções, principalmente de outros estados, além de ser uma forma divertida de contar os desafios e o dia a dia do abrigo, conscientizando mais pessoas sobre a importância de apoiar projetos como este no lugar da compra de um animal de estimação.
“Quando chego lá no parque eles fogem de mim (risos), porque sabem que vou tirar foto e ficar mexendo em tudo; levo uma sacola cheia de fantasias para criar os personagens que contam o que cada um passou, tento mostrar de maneira divertida”, conta Elvira. E assim foram com todas as adoções desde que a página foi ao ar. “Através da página, cria-se uma ligação emocional dos interessados, a decisão de adoção acontece de forma mais consciente, e não por impulso, como às vezes ocorria na feirinha”, explica a voluntária.
Há três meses, a adoção do Zé Pequeno, batizado pela nova família como Alcides (ou Cid, para os mais íntimos), deixou a todos do Parque emocionados. Ele chegou pelo mutirão de castração da prefeitura, ainda filhote. Estava mancando, recebeu todos os cuidados, mas nada resolvia. Então os veterinários fizeram o raio x e descobriram balas de chumbinho alojadas na pata; as lesões severas resultaram na necessidade de amputação, o que gerou uma campanha especial para custear a cirurgia.
Após o procedimento, Cid encontrou a adotante Elda Bonilha, que se prontificou de imediato a acolhê-lo para todo o processo de recuperação. Elda também já tinha adotado outros cães com deficiências. “Depois de tanta dor, e de ter sofrido a crueldade do ser humano, encontrou um novo lar, repleto de amigos adotados no Parque e em outros abrigos, como o Pingo e a Lilica, além de Kiki, que não anda. A casa da Elda parece um refúgio de combatentes de guerra”, brinca Elvira.
A integração harmônica entre todos os Reinos da Natureza é um dos trabalhos primordiais que a Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) vem apoiando ao longo dos mais de 30 anos de dedicação ao despertar do serviço abnegado e do nascimento da Nova Humanidade na Terra. “Transformar áreas e situações de conflito em grandes escolas de serviço e aprendizagem era o desejo de Trigueirinho”, relembra Patrícia de comentário do querido instrutor em visita ao Parque, o qual sempre falava a todos de como é de grande importância esse serviço.