Em 15,16 e 17 de março de 2019, viveu-se, na Comunidade-Luz da Irmandade, Córdoba, Argentina, o 1º Encontro de Agrofloresta, que contou com a presença e instrução do permacultor Bento Cruz, vindo do Brasil. O objetivo foi abordar a capacidade e resistência dos ecossistemas de reagirem a uma situação de caos, regenerando-se e voltando a ser novamente abundantes. Foram estudados os princípios e os processos da Agricultura Sintrópica, a partir de um módulo agroflorestal.
No primeiro dia, aproximadamente 40 pessoas, de distintas idades e pontos da Argentina de outras nações, participaram da apresentação teórica dos princípios agroflorestais e da Sintropia. Foram comparadas as antigas formas de cultivo com esta nova modalidade que, diversamente da entropia, buscam ir do simples ao complexo.
Vivência prática num campo degradado e abandonado
No segundo dia, todo o grupo se dirigiu com muito entusiasmo ao campo da Comunidade-Luz da Irmandade, denominado H2, onde se buscou aplicar os conhecimentos teóricos, na prática. Prepararam-se os canteiros, cortou-se a palha para fazer adubo, foram feitas as covas para plantar as árvores e arbustos e outros exemplares, que no futuro formarão o novo plantio sintrópico.
Trabalhou-se durante todo o dia apesar da chuva intensa que ocorreu durante a manhã, mas que não deteve a ação e a boa disposição para o trabalho de todo o grupo, que, com muita alegria, se dispôs a realizar essa nova experiência. À medida que o trabalho ia se realizando, o permacultor Bento, foi dando instruções e respondendo a todas as dúvidas e perguntas que surgiam do grupo. Algumas pessoas que já tinham conhecimento de agricultura ou de plantas autóctones trouxeram seus conhecimentos, gerando um intercâmbio que enriqueceu muito a todos. A jornada se desenvolveu em um ambiente de grande fraternidade e harmonia.
Ao finalizar o dia, compartilhou-se o filme chamado “Grão”, que trata justamente da degradação a que pode chegar a agricultura e, portanto, a espécie humana, quando trata as sementes e os cultivos com agrotóxicos, adubos industriais, ou quando são geneticamente modificadas.
No terceiro dia, com uma chuva suave pela manhã, completou-se o plantio das verduras e das sementes que acompanharam o mesmo formato do plantio das árvores de grande porte. As tarefas se realizaram dentro de uma sincronia natural, com a participação de todos na atividade de preparação do solo, como no plantio de árvores, mudas e sementes.
O Encontro foi finalizado com uma reunião para compartilhar as experiências vividas por cada um nesses dias, animando os participantes a seguirem conectados, trocando informações e participando de outras atividades que ajudem a manter vivo tudo o que se trabalhou nesse período.
Orfeas, um participantes do curso oriundo de Chipre, expressou o seguinte: “Vim sem expectativas e me senti muito acolhido e recebido. O curso foi muito enriquecedor em teoria e prática, porque se passa da teoria para a prática em pouco tempo. Isto faz com que se complementem a razão e a emoção, sentindo-as em ambas as perspectivas. Aqui, na Irmandade, no que diz respeito ao humano, se vê que é um conceito muito cultivado, porque a vida em comunidade une pessoas que vêm de distintos lugares, e trazem diferentes histórias formando um núcleo que alimenta e compartilha a partir do coração”.
Karina Simón de Capilla Del Monte, disse: há quatro meses organizei um grupo de whatsapp para troca de sementes e através dele chegou o convite para o Encontro. Ainda que não conhecesse a comunidade, nem de nome, na verdade tivemos uma experiência que superou, em muito as expectativas. Me senti muito agraciada de ter participado, me pareceu muito enriquecedor, em nível de conhecimento. Estou numa etapa que tenho que começar de zero, numa casa nova com a horta, e me incomodava ver o espaço sem saber por onde começar e me organizou muitíssimo. Aconteceu um encontro com muita gente, onde houve uma energia muito boa, muito positiva e notou-se que o trabalho fluiu muito rapidamente, vendo-se mudanças logo em seguida. Cada um foi tomando uma tarefa em que se sentia mais cômodo e tudo fluiu. Foi na verdade muito enriquecedor e vou muito contente de ter vindo aqui.”
Alejandro Miglioli, de Capilla Del Monte, disse: “muito, muito boa e uma linda surpresa. Porque não foi somente teórico mas prático, para confirmar todos os conhecimentos. E, sobretudo me pareceu muito lindo o grupo humano, ao se organizar, ajudar, estar. Não conhecíamos este lugar, como disse minha companheira, e nos pareceu um lugar muito bom, com um propósito muito nobre de cuidar de Pacha, a Terra, e todas as ofertas que fizeram nestes dias. Foi muito lindo! Muito obrigado.”