Mesmo sendo um ano desafiador, o segundo semestre foi bastante dinâmico para o Setor.
O Setor Meios de Vida é pautado por estratégias que possam promover meios de subsistência e mais autonomia para os refugiados que vivem nos abrigos em Roraima, sob a gestão da Fraternidade –Federação Humanitária Internacional (FFHI), e com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Esta é a fase mais avançada de uma resposta humanitária – quando deixa o caráter mais assistencialista – e busca Soluções Duradouras, caminho que a Fraternidade – Humanitária (FFHI) vem trilhando.
Embora 2020 tenha sido um ano atípico e desafiador devido à pandemia da Covid -19, o setor desenvolveu várias ações no segundo semestre do ano.
Cursos profissionalizantes, uma porta de entrada para o mercado de trabalho
A inserção dos habitantes dos abrigos no mercado de trabalho, é uma das principais pautas do Setor Meios de Vida. De setembro a dezembro, foram realizados, por meio de parcerias, vários cursos profissionalizantes. Ao todo, 81 pessoas, entre homens (60%) e mulheres (40%), foram beneficiadas com os seguintes cursos Técnicas Básicas de Garçom, Corte e Costura, Corte de Cabelo (de homens, mulheres e crianças), Informática Básica, Técnicas Básicas de Panificação e Formação de Brigadista e Segurança no Trabalho.
O treinamento profissional do Curso de Corte de Cabelo, realizado em parceria com o Instituto de Ensino Senac, foi realizado no Abrigo Pintolândia. Os alunos praticaram o novo ofício, realizando cortes de cabelo gratuitos em 60 pessoas entre adultos e crianças. Destaque também para o curso de Brigadista, realizado no Abrigo Pintolândia, com 11 participantes.
O Curso de Informática Básica, com uma carga horária de 60h, assinalou o início do termo de cooperação entre a Fraternidade – Humanitária (FFHI) e a Universidade Virtual de Roraima (UNIVIRR), celebrado em agosto de 2020. O curso foi ofertado na sala de Meios de Vida do Abrigo Pintolândia.
Para comemorar a conclusão do curso, o setor realizou uma singela cerimônia para a entrega dos certificados aos cursistas. “Para 2021, o planejamento é iniciar cursos de Português para estrangeiros”, relata a coordenadora do setor, Jemima Bessa.
Não só os formandos do Curso de Informática celebraram a conclusão do curso. Os dos cursos de Corte de Cabelo Masculino e Infantil e de Técnicas Básicas de Panificação, também festejaram o encerramento desta etapa, a 10 de dezembro, com a presença dos alunos e seus convidados, representantes da Fraternidade – Humanitária (FFHI) e da coordenação do Senac.
“Essa formatura foi importante em diversos aspectos. Um evento para celebrar o marco de uma nova caminhada para essas pessoas, de comemorar uma conquista e incentivá-los a seguir adiante com novas perspectivas. Devemos destacar que essas foram as primeiras turmas indígenas Warao a receberem tal qualificação”, salienta Jemima.
Após a cerimônia, os alunos ofereceram uma pequena recepção aos convidados com pães, biscoitos e bolo, feitos por eles. A Fraternidade – Humanitária (FFHI), com o apoio do ACNUR, disponibilizou transporte para a locomoção dos alunos e dos seus familiares na ida e volta para o abrigo.
Autonomia e empoderamento
Não apenas formar profissionais, mas prepará-los para a vida, com autonomia e empoderamento. Foi com este propósito que os formandos dos cursos de Corte de Cabelo e de Técnicas de Panificação foram contemplados com uma sessão de mentoria. A coordenadora do Setor Meios de Vida explica: “ a mentoria consistiu na apresentação de conceitos de empreendedorismo, cenários no mercado, criação de um plano de ação, apoio para a elaboração de currículos e em ajudá-los a pensar nos caminhos que podem trilhar”.
Artesãos indígenas – exposição e capacitação
Outras atividades movimentaram o final de 2020. Nos dias 8 e 9 de dezembro, três artesãs Warao e uma artesã E’ñepa, participaram do I Seminário Estadual em Rede de Mulheres Empreendedoras do Campo, da Cidade, da Floresta, das Águas, Migrantes e Refugiados de Roraima. O evento é uma iniciativa da Coordenação Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Rede de Atendimento à Mulher.
Durante o Seminário, as artesãs participaram de oficinas de empreendedorismo, tais como: Criatividade e Habilidades, Qualidade e Criatividade, Trabalhos Manuais e Técnicas de Artesanato, Estratégias de Vendas e Finanças. Participaram ainda de diversas palestras e de uma feirinha para comercializar os seus produtos.
No dia 18 de dezembro, um grupo de artesãs e artesões Warao, do abrigo Janokoida, participaram da Exposição Cultural Fronteiriça, promovida pela Secretaria de Educação, Cultura e Desporto (SEMECD) da Prefeitura de Pacaraima. “Eventos como esse são importantes para a integração junto à comunidade local e para uma coabitação pacífica”, conclui a coordenadora do Setor Meios de Vida.
Diagnóstico da população atendida – um passo importante para a elaboração de novas estratégias
Com as mudanças na Missão Roraima e o encerramento dos Abrigos Nova Canaã e Tancredo Neves, o foco da missão ficou direcionado exclusivamente às populações indígenas que habitam nos Abrigos Pintolândia, Janokoida e no recém aberto Abrigo Jardim Floresta.
Para traçar um diagnóstico e perfil desta população de interesse, o Setor Meios de Vida, juntamente com o antropólogo Fernando Fileno, realizaram pesquisas nos abrigos Pintolândia e Janokoida. No Pintolândia foram feitas 190 entrevistas, com um alcance de 70% da população, enquanto que no Janokoida, 92% dos habitantes responderam à pesquisa, totalizando 192 pessoas.
De acordo com a coordenação do Setor Meios de Vida, o resultado da pesquisa laboral irá fornecer subsídios para identificar grupos focais e elaborar novas estratégias para 2021.
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