Desde que os terrenos foram adquiridos para formar o que agora é a Comunidade-Luz Fraternidade de Aurora, várias espécies de árvores foram plantadas. Este ano começou o planejamento mais amplo de plantio de árvores frutíferas e outras espécies para a autossustentabilidade e reflorestamento da Comunidade-Luz.
As planícies e montes isolados são os biomas característicos da região de Paysandú, Uruguai, e fazem parte da paisagem natural da Comunidade-Luz. As árvores que já existiam nas áreas eram monoculturas de laranjas e de outras espécies de forma dispersa. Por isso esse novo projeto foi pensado para aumentar a biodiversidade local e ajudar a regeneração do solo através da policultura.
O projeto de florestamento idealizado para as três áreas consiste de várias etapas, sendo as primeiras cruciais para um bom resultado, porque o solo argiloso e pobre em nutrientes não permite o bom desenvolvimento das árvores.
Atualmente, foi iniciada a primeira experiência mediante o plantio de um número reduzido de árvores, para que a necessidade de atenção seja suprida pelos integrantes do grupo de plantios.
“Se bem que a necessidade seja grande e a nossa intenção seja ter muitas árvores frutíferas, foram adquiridas 103 árvores como primeiro impulso, porque sentimos que é quanto podemos cuidar, já que exige muita atenção”, conta Frei Akhbar, integrante do Setor Plantações.
E acrescenta: “A ideia é fazer essa primeira experiência para dar às árvores o melhor cuidado possível e ver sua resposta, para que, com base nisso, nos próximos anos possamos aumentar a quantidade de árvores frutíferas e outras espécies, para criar uma biodiversidade maior.”
Como primeira etapa, foram escolhidas as áreas para fazer essa primeira experiência.
Na área Redención 1, a região selecionada é o Centro Mariano, e na área Redención 3, é um terreno onde já existem árvores frutíferas.
Na área Redención 2, o lugar escolhido está localizado dentro do sistema agroflorestal, ao lado de um lago, que é o lugar estratégico para a correta interação entre as árvores e as plantações, e a esse espaço denominou-se: “Bosque Elohim”.
Na etapa seguinte, iniciou-se a abertura de covas, primeiro com máquinas apropriadas, e depois manualmente. Cada cova foi cuidadosamente adubada com esterco, composto, areia, basalto, fosfato e cinza, elementos que ajudam fornecendo os nutrientes necessários às plantas.
Para que a matéria orgânica colocada na cova não afunde e gere inconvenientes na drenagem da água, a estratégia foi colocar mais terra no pé da árvore e palha em torno para a retenção correta da água no local.
Frei Akhbar explica: “O que mais demora no projeto é fazer as covas e deixá-las assentar. Até o início de setembro, conseguiu-se fazer 50% do projeto, e nos próximos trabalhos grupais serão concluídos os passos seguintes, que são: preencher as covas que faltaram com matéria orgânica e plantar 50 ou 60 árvores que faltam, ainda durante a primavera.”
“Deve ser durante a primavera porque no Uruguai os verões são muito quentes e corre-se o risco de a planta não se desenvolver corretamente.”
Quando a área Redención 1 foi adquirida, já existiam muitas laranjeiras de idade avançada, algumas enfermas, e ao não se conseguir recuperá-las, foi necessário retirá-las para plantar novas árvores.
“Quando o terreno de Redención 1 foi adquirido, ali havia uma monocultura de laranjas. Por isso a terra está empobrecida de nutrientes. Agora estamos tentando regenerar o solo plantando, além de laranjeiras, outras espécies de árvores, e aproveitaremos o impulso de criar espaços com mais sombra”, comenta a Irmã María de la Contemplación, integrante do grupo encarregado deste projeto.
Além da plantação, o grupo põe especial ênfase no cuidado com as árvores que já existem, mediante poda, tratamento das feridas e do solo, e proteção contra geadas.
Entre as espécies que foram adquiridas, encontram-se árvores de cítricos como laranjas (Citrus × sinensis), tangerinas (Citrus reticulata), limoeiros (Citrus × limon), toranja (Citrus × paradisi).
Também figueiras (Ficus carica), ameixeiras (Prunus domestica), oliveiras (Olea europaea), pitangueiras (Eugenia uniflora) y nogueiras (Juglans regia), entre outros.
“Como entramos recentemente na primavera, plantamos só árvores caducas, as que não têm folhas, porque são plantadas no inverno. Já começaram a brotar muito bem, e tiveram uma boa resposta”, explica Frei Akhbar.
Os integrantes que se encontram no Grupo de Plantios vão realizando os cuidados com as árvores conforme o clima, dependendo das chuvas e da umidade do ambiente. Criar-se-á também um ritmo de fertilização natural através do composto e de outros produtos líquidos produzidos na Comunidade.
A ideia é seguir uma agenda para suprir as necessidades das árvores.
A Irmã María de la Contemplación comenta que desde que começaram o projeto, foi uma boa aprendizagem de conscientização, pois o grupo deve sentir o que os Reinos da Natureza necessitam.
Isso levou a ter mais atenção aos ritmos da natureza, o serviço a outro ser vivo e o agradecimento por tudo que eles oferecem aos outros reinos.
“O que se trabalha é o serviço e a doação de si, porque quando se planta uma árvore, ela vai demorar anos para desenvolver-se pelo que tens consciência de que estás plantando para outros, para o planeta e as gerações futuras e não para si mesmo”, comenta a irmã.
E Frei Akhbar prossegue: “Eu sinto que o projeto é um grande passo para a Comunidade-Luz, porque estabelecerá um contato ao ver crescerem os frutos e colhê-los, e isso cria uma conexão e gratidão pela vida e pela natureza.
Por serem árvores frutíferas, o projeto aponta para uma vida autossustentável, para um futuro autossustentável, e a experiência nos ajudará a aprender fazer projetos em grande escala”.