Relato de um missionário

Milhares de venezuelanos continuam ingressando no Brasil dia após dia. A situação na Venezuela os impulsiona a buscar um futuro diferente e tem o Brasil como uma nação próxima, vizinha, cheia de desafios. Para alguns, esta é a única alternativa dependendo do local ou a condição em que eles se encontram.

Assim cruzam a fronteira e são acolhidos, documentados, abrigados na nova realidade, tentando dissipar as muitas dúvidas sobe o novo destino que se forjará a cada momento a partir de então.

Famílias, solteiros, jovens desacompanhados, doentes, idosos. Todos à procura do sustento que tem faltado nos últimos dias, meses e anos.

Operação Acolhida

Nesse contexto, a Operação Acolhida reúne todas as organizações em uma cooperação internacional para dar resposta à crise migratória e assistir aos migrantes nesse primeiro e importante momento da chegada. E nesta etapa são atendidas as solicitações de refúgio ou de residência permanente, assim como de atenção em saúde, imunização e documentação que habilita o acesso a serviços no Brasil.

Também é realizado um acompanhamento durante todo o processo migratório que, depois do abrigamento, se encerra com o Programa de Interiorização. Este programa proporciona a integração socioeconômica dos migrantes no Brasil, possibilitando, assim, soluções duradouras e meios de vida dentro dos marcos legais no território brasileiro e, no âmbito da proteção, restabelecendo os direitos humanos dos migrantes numa nova etapa da suas vidas.

A estratégia de interiorização é um plano do governo federal, apoiado pelas agências das Nações Unidas e sociedade civil, para a realocação dos migrantes venezuelanos que se encontram atualmente no estado de Roraima.

Este plano é destinado àqueles que não contam com recursos suficientes nem meios próprios e que, com vocação de permanência, têm intenção de se deslocar para outras cidades do Brasil.

Iniciando o processo de interiorização

Operação Acolhida

O fluxo de interiorização inicia-se na fronteira com a Venezuela, na cidade de Pacaraima, onde começa a atuar a Força Tarefa Logística (FTLog) da Operação Acolhida, acolhendo e documentando os migrantes no 1º Posto de Triagem (PTrig) e no abrigo temporário BV8.

Em seguida, a Logística de Transporte Humanitário é realizada pelo Exército Brasileiro (EB) sob o monitoramento da Organização Internacional para as Migrações (OIM), rumo aos 12 abrigos temporários na cidade de Boa Vista, em Roraima, onde funciona o 2º PTrig, que atua como Base Operacional do Plano de Interiorização.  Neste ponto inicia-se o processo de avaliação de perfis e critérios das diferentes modalidades de interiorização disponíveis.

Estas duas etapas se dão por via terrestre e são concluídas no 3º PTrig, em Manaus-AM, onde funciona o Abrigo Temporário de Manaus (ATM), gerido pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI). Esta é a última etapa e ponto de saída via aérea para o local de destino. As passagens são fornecidas pela OIM e instituições da sociedade civil em voos comerciais ou da Força Aérea Brasileira (FAB).

O processo de interiorização

Operação Acolhida

 O Plano de Interiorização para os migrantes possui quatro modalidades, com seus respectivos pré-requisitos:

  • Abrigo-Abrigo – as pessoas vão para outros abrigos ou casas de passagens em outras cidades e estados onde recebem acompanhamento local.
  • Reunificação Familiar– as pessoas se juntam a outros integrantes da família com vínculo familiar comprovados, condições de acolhimento e declaração de voluntariedade.
  • Reunificação Social – os migrantes se reúnem com pessoas conhecidas, sem vínculo familiar, que comprovem ter condições de acolhimento e declaração de voluntariedade.
  • Vaga de emprego sinalizada – as pessoas conseguem uma vaga de emprego comprovada pela empresa empregadora e recebem assistência social da rede local e sociedade civil. A partir deste ponto as pessoas são interiorizadas por organizações da sociedade civil e pessoas do setor privado.

Operação Acolhida

 Assim, a população migrante proveniente da Venezuela acessa a integração socioeconômica nos diversos estados do Brasil, minimizando o impacto migratório de quem se viu forçado a deixar o país de origem na busca de um novo porvir, de uma nova vida.

Fraternidade Humanitária (FFHI) está presente nesta resposta humanitária.

Participe e seja parte desta missão.

Boa Vista-Roraima, 23 de fevereiro de 2020.
Imer, missionário da Fraternidade-Federação Humanitária Internacional (FFHI)