As várias formas de violência disseminada

Comemorado no dia 2 de outubro, o Dia Internacional da Não Violência marca a data de nascimento de Mahatma Gandhi, conhecido por empregar a resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para a independência da Índia.

 É importante que a data seja lembrada e comemorada, pois no conceito da ONU, em tempos turbulentos, como os atuais, a violência assume várias formas: o impacto destrutivo da mudança climática, a falta de dignidade causada pela pobreza, as injustiças generalizadas, o descumprimento de leis básicas, as violações de direitos humanos, a brutalidade do discurso de ódio.

Dia Internacional da Não Violência

Nas relações humanas, por sua vez, a violência está presente na agressividade contida nos olhares, na intolerância, no desrespeito, no subjugar, na imposição de ideias, na manipulação, chegando, muitas vezes, a agressões psicológicas, verbais e físicas.

Cada vez mais comum nos dias atuais, nas redes sociais e mesmo fora delas, está a retórica do ódio direcionada a minorias e aos mais vulneráveis. Neste caso, refugiados e migrantes são vítimas de violência, intolerância e desrespeito.

A paz construída por meio do diálogo fraterno

Seja qual for a forma em que se apresenta, a violência sinaliza uma degeneração do ambiente social e do próprio ser humano. Muitos trabalham pela implantação da paz pois compreendem que o desenvolvimento da espécie humana e do planeta só se sustenta por meio da fraternidade.

Dia Internacional da Não Violência

E é justamente pelo estabelecimento de um mundo de paz que se dá a atuação da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), em suas inúmeras iniciativas ao redor do mundo, e muito especialmente, nas missões humanitárias.

Na busca por implantar um convívio de paz, em ambientes como os abrigos, a Fraternidade – Humanitária (FFHI) faz uso de um dos mais simples instrumentos de incentivo à não violência: o diálogo franco, aberto e respeitoso, no qual todos os pontos de vistas são acolhidos.

Na Missão Roraima, por exemplo, juntamente às agências parceiras, a Fraternidade –  Humanitária (FFHI) colabora com os comitês e conselhos de organização social, constituídos pelas próprias populações Warao e E’ñepa, conforme explica Marcos Eduardo, colaborador no Abrigo Pintolândia.

“A Fraternidade – Humanitária (FFHI) e agências parceiras desenvolvem ações que garantem a representatividade do povo Warao e E´ñepa, no objetivo de garantir soluções duradouras nas relações sociais, sejam estas relações internas ao abrigo, ou externas com a sociedade geral.”

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Diversos projetos, que contam com a participação de toda a comunidade, são desenvolvidos com o intuito de trazer uma nova perspectiva de vida aos beneficiários do abrigo. “Tais projetos procuram integrar os beneficiários em um contexto social intercultural, sempre na perspectiva de garantir o respeito, o reconhecimento e a valorização de sua cultura”, complementa Marcos.

E prossegue, “os comitês e conselhos têm um papel fundamental na gestão e solução dos conflitos sociais, nos quais, a partir de uma problemática, procura-se interpretar os diversos aspectos do conflito, trazendo soluções que garantam o bem estar social da comunidade”.

E ainda deixa claro que há respeito à autonomia dos grupos, e portanto, não influenciam nas reuniões, “permanecemos neutros nas discussões sociais e culturais, unicamente prestando apoio ao que for necessário”.

Manual Esfera – Importante instrumento para o resgate da dignidade humana

No início deste ano a Fraternidade – Humanitária (FFHI) adquiriu o direito de realizar a  tradução do Manual Esfera para o português, ação que constituiu uma importante colaboração a todos os países de língua portuguesa.

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Manual Esfera, criado em 1997, por um grupo de organizações não governamentais e os Movimentos da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, tem sido adotado por inúmeros governos, e também pelo setor privado, pois é reconhecido como uma referência de qualidade nas respostas humanitárias e na rendição de contas por parte das organizações. Sendo uma das bases fundamentais na ação humanitária, o  Manual especifica iniciativas relacionadas à imparcialidade, à não discriminação, à dignidade, contendo princípios primordiais para estabelecer a melhor forma de lidar com vidas humanas submetidas a tantos infortúnios e vulnerabilidades.

No primeiro semestre deste ano, a Fraternidade – Humanitária (FFHI) promoveu a formação dos seus membros e colaboradores no âmbito do Manual Esfera, trazendo  um maior embasamento a todos, com princípios e métodos de aplicação internacionais, no campo da  atuação dos grupos envolvidos em causas humanitárias.

Segundo Marcos, “Atualmente os conselhos de saúde e de educação [na Missão Roraima] estão passando por oficinas de qualificação para melhor executar seus trabalhos”.

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O caminho do coração

Neste atual momento, é muito importante que a resposta humanitária seja assertiva, lembrando que há uma responsabilidade assumida quanto ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, apresentados pela ONU, que pode ser visto como um caminho em direção à paz, em favor da prosperidade mundial, por um planeta inteiramente saudável e uma humanidade fraterna, vivendo harmoniosamente a paz.

Para tanto, há que se incluir o coração, para o verdadeiro desenvolvimento e para a tão necessária evolução humana, nesse caminho de paz. Há que se incluir o coração, como bem sintetiza a frase do livro Palavras ao Coração, escrito pelo gestor geral da Fraternidade – Humanitária (FFHI),  Frei Luciano: “a paz que frutifica pela fé se estabelece na expansão da Presença, que se ancora no coração”.