Voluntárias da FFHI visitam os bairros de Brumadinho

Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) continua oferecendo apoio psicológico às famílias que foram afetadas pelo desastre mineiro em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil.

A tarefa está a cargo de uma equipe de voluntárias, integrada por sete profissionais, especializados em psicologia de emergência para situações de desastre.

O apoio começou a ser realizado no início da Missão Brumadinho, durante a primeira semana posterior ao colapso, que desencadeou a tragédia ambiental e a oferta, apresentada pelo Centro de Atenção Psicossocial de Brumadinho é de prosseguir com o trabalho até o mês de julho de 2019.

Respaldo a 200 famílias

O empreendimento atende cerca de 200 famílias em seis distritos: Córrego do Feijão, Tejuco, Brumadinho, Parque da Cachoeira, Brumato e Monte Cristo.

No sábado, dia 09 de março, foi realizada a segunda ronda de visitas domiciliares, depois da finalização da Missão Brumadinho.

CIFRAS

200 famílias assistidas

201 falecidos e 107 desaparecidos

7 psicólogas voluntárias

22ª missão humanitária

16 países já receberam missões da FFHI

O impacto emocional do evento aumentou pela estrutura social das comunidades afetadas, já que a maioria das famílias estão fortemente entrelaçadas por múltiplos vínculos de parentesco, amizade e companheirismo, percebendo-se como uma única e grande família.

“Nosso trabalho inicial consistiu em oferecer um acolhimento caloroso e amoroso para as pessoas que viveram todo esse trauma de perda de seres queridos em grande escala, escutá-las, dar a oportunidade delas verbalizarem a enorme dor que tinham dentro. Buscamos compreender cada indivíduo e a partir da forma como se expressavam e interpretavam o sucedido, tentamos identificar neles, recursos internos e também redes de apoio,que lhes permitissem superar a situação”, explicou Fátima Cavalcante, uma das psicólogas atuantes.

Três tipos de reações

Ela relatou que encontraram, basicamente, três tipos de reações: em geral, as mulheres se mostraram mais abertas para expor seus sentimentos, os homens apresentavam comportamentos mais fechados enquanto que as crianças, sem conseguir entender o que acontecia, viram sua rotina rompida repentinamente pelo ambiente de pranto generalizado, desespero coletivo e sepulturas em massa.

“Buscamos compreender cada um em sua dor e identificar recursos internos e redes de apoio que lhes permitam superar a situação”, Fátima Cavalcante, psicóloga.

Muitas mulheres assistidas são mães de família e várias cumprem funções de sustento emocional, não somente em seus lares, mas também em muitas outras famílias afetadas direta ou indiretamente. “Elas nos abriram as portas de suas casas e de seus corações, com muita gratidão compartilharam o enorme sofrimento que as destroçava e por suas palavras ficou evidente a marcada religiosidade que as sustenta, não faltando as que tentavam encontrar nesta dura experiência um aprendizado para seguir adiante”, agregou Fátima.

Apoio psicológico de superação

Mariandja, que coordena esse serviço psicológico da FFHI, comentou que começaram a aprofundar o acompanhamento dos afetados, a fim de orientá-los por caminhos de superação do impacto inicial e de reconstrução de suas vidas. Recordou que este respaldo sistemático é fundamental para liberar as pessoas de angústias, medos, culpas, raivas e outros sentimentos negativos que, no futuro ,poderiam instalar sintomas graves.

A Missão Brumadinho foi realizada de 29 de janeiro até 23 de fevereiro de 2019. Auxiliou às famílias e ao reino animal, depois da ruptura, em 25 de janeiro passado, de uma represa de resíduos da empresa mineradora Vale, que sepultou, sob uma torrente de lodo, os escritórios da Companhia em Brumadinho e vários bairros da cidade, com um saldo, até 12 de março, de 201 falecidos e 107 desaparecidos.

A Missão Brumadinho constituiu a 22ª mobilização humanitária da FFHI, que desde 2011 já colaborou em diferentes emergências, em 16 países das Américas, África, Ásia e Europa.