Segunda-feira 5/2 a quinta-feira 8/2

Segunda-feira 5

Pela manhã houve a preparação logística para a distribuição de alimentos. Devido ao grande número de pessoas, as quantidades foram reduzidas para que pudessem contemplar a todos.

As condições sanitárias melhoraram razoavelmente com a limpeza das fossas, porém as acomodações para os que chegaram são precárias. Não há espaço para pendurar as redes nem colchonetes e mantas suficientes. Vários dormem no chão ou sobre papelão. Está sendo aguardada uma doação de colchões.

O trabalho com artesanato e costura segue com sucesso, com a adesão de várias artesãs. Um dos objetivos principais da atividade é manter o potencial criativo dos imigrantes indígenas.

Terça-feira 6

São muitos os casos de saúde existentes devido às condições atuais e aos antecedentes de cada indivíduo. Alguns exigem encaminhamento para o hospital e outros casos são atendidos com os recursos disponíveis e também com as orientações recebidas da doutora do posto de saúde.

Quarta-feira 7

O crescente número de pessoas que estão chegando torna a situação da imigração venezuelana ainda mais delicada. A capacidade da Casa de Passagem está esgotada, tornando as condições do local mais difíceis. Muitos recém-chegados são parentes dos imigrantes que já se encontram no abrigo.

Os casos de saúde têm aumentado e são várias as ocorrências de febre noturna, gripe, resfriado e dores de cabeça. Diversas pessoas têm sido encaminhadas ao posto de saúde e ao hospital. Como a rede de saúde municipal entrou em colapso, não há medicamento suficiente para todos, embora as pessoas sejam atendidas.

As atividades de educação ambiental têm ocorrido na prática, ou seja, na manutenção da limpeza do ambiente e na aplicação da coleta seletiva de lixo.

Depois de um longo período recebeu-se doação de roupas. Será feito um trabalho de triagem e a distribuição ocorrerá na próxima semana.

Quinta-feira 8

Pela manhã houve a distribuição de alimentos, seguindo o ritmo e a metodologia já instalada. Ou seja, com a presença dos Aidamos e com a distribuição dos itens sendo realizada dentro do depósito de alimentos. Essa forma é mais harmoniosa.

Membros do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estiveram presentes e, à tarde, eles se reuniram com os missionários para comentar e apresentar sugestões sobre o trabalho. Observou-se que a quantidade de alimentos está insuficiente para o número de pessoas e que, ao fragmentar as porções, as medidas deveriam ser exatas.

Comentou-se que a cozinha comunitária que está sendo construída deverá ser pensada para valorizar o processo atual de preparação culinária. Cada família recebe seu alimento. O modo de preparo vigente é mais coerente com a proposta de resgate da cultura Warao, pois implica em: buscar lenha, acender a fogueira, preparar o alimento conforme o costume, sentar em torno da fogueira com toda a família, enfim, criar um momento de integração daquele núcleo familiar.

Nesse dia um Warao foi preso e membros da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social de Roraima (Setrabes) foram à delegacia para observar o que havia acontecido. Após os esclarecimentos prestados, o imigrante foi liberado ao final da tarde.