O Dia da Terra foi criado em 22 de abril de 1970, nos Estados Unidos, com o propósito de que o mundo discutisse soluções para os problemas que afetam a biodiversidade do planeta. Hoje, passados 51 anos, a humanidade provocou um desequilíbrio ambiental sem precedentes, cuja contenção e resolução requerem medidas inadiáveis.

Diante dessa situação, quais são as perspectivas da humanidade?

O filósofo José Trigueirinho Netto (1931-2018), fundador da Comunidade-Luz Figueira, filiada à Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), abordou esse tema extensamente em suas obras e palestras. Ele sustentava que, no momento mais agudo da atual crise planetária, a tomada de consciência e a consequente mudança de atitude de uma parcela da humanidade levaria o mundo a ingressar em um processo de profunda regeneração.

Cooperação do homem com a natureza

Figueira foi estabelecida por Trigueirinho em Carmo da Cachoeira, sul de Minas Gerais, Brasil, no intuito de difundir os novos padrões de conduta, baseados no amor e na fraternidade universais, que irão impulsionar o surgimento dessa Terra restaurada.

Por isso, todos os que buscam a comunidade para experienciar uma vida de oração e de serviço altruísta são conduzidos a exercitar conscientemente, entre outros atributos, a unidade e a gratidão em seu contato diário com o meio ambiente.

Na prática, essa proposta se traduz em projetos que criam condições para que os Reinos da Natureza expressem a beleza de sua essência e desenvolvam os seus potenciais latentes sem a interferência prejudicial do homem, mas sim com a sua cooperação.

Essas frentes de trabalho incluem a agricultura orgânica, o cultivo de sementes puras, a fabricação de produtos ecológicos, a gestão sustentável das águas, o uso de fontes alternativas de energia e o reflorestamento com espécies nativas.

Além disso, a comunidade realiza diversas atividades espirituais ecumênicas voltadas ao equilíbrio e ao tratamento tanto dos indivíduos quanto do planeta como um todo.

Em respeito às normas sanitárias para conter a pandemia, a Comunidade-Luz Figueira está temporariamente fechada à visitação e à hospedagem. No entanto, os princípios que fundamentam sua atuação continuam inspirando milhares de pessoas a adotarem alternativas que contribuam para restituir a saúde da Terra.

Dia Internacional da Terra - Comunidade-Luz Figueira

Agricultura orgânica

Em Figueira, o Setor Plantios dirige um laborioso processo baseado na agricultura orgânica, que envolve a seleção das sementes, a manutenção do campo, a colheita, a armazenagem, o processamento e a distribuição dos alimentos.

O departamento é coordenado por Frei Renatto del Casto Corazón, monge da Ordem Graça Misericórdia. Ele explicou que, além da produção isenta de agrotóxicos e transgênicos, o trabalho nas plantações ampara-se na multiplicação e melhoramento de sementes puras, que passam pela seleção de matrizes a cada safra.

 

Produção de alimentos

Segundo Frei Renatto, a produção de arroz, feijão, milho e soja já cobre o consumo anual da comunidade. A meta é alcançar o mesmo resultado com gergelim, girassol e trigo. De modo similar, estão sendo feitas experiências com o cultivo em larga escala de ervilha, linhaça, milhete e sorgo.

As áreas de Figueira também se dedicam ao cultivo de hortas orgânicas e de agroflorestas. O objetivo é se tornarem autossustentáveis na produção de inúmeros tipos de frutas, verduras, legumes, plantas alimentícias não convencionais (PANCs), bem como ervas aromáticas e medicinais.

Doação

Assim como as demais instâncias da comunidade, o Setor Plantios exercita o princípio da doação, colocando-se como um intermediário para que a sabedoria e a abundância dos Reinos da Natureza cheguem a quem necessita. Por isso, as sementes puras são compartilhadas com outros agricultores e parte da produção de alimentos é doada às comunidades locais carentes.

Ademais, o setor realiza cursos totalmente gratuitos no intuito de difundir conhecimentos de agroecologia. Mas, devido à pandemia, no momento esses projetos estão suspensos.

“Uma de nossas funções é pesquisar e difundir métodos que tenham em vista um relacionamento respeitoso e puro com o meio ambiente, abrindo possibilidades para uma integração real entre o homem e a natureza”, afirmou Frei Renatto.

Com efeito, essas ações também são um esforço para retribuir a providência e a permanente doação dos Reinos da Natureza, que representam um modelo de entrega abnegada com o qual temos muito a aprender.

Dia Internacional da Terra - Comunidade-Luz Figueira

Limpeza ecológica

Muitos produtos de limpeza industrializados possuem substâncias químicas nocivas à saúde humana e ao meio ambiente.

Para evitar os impactos gerados pelo consumo desses produtos, algumas fazendas de Figueira já possuem um setor de Limpeza Ecológica, onde são fabricadas opções mais naturais, mas igualmente eficazes.

Essas receitas artesanais utilizam, entre outros ingredientes, diversas plantas com propriedades antimicrobianas e antifúngicas encontradas na região. Além disso, são envasadas reutilizando embalagens que seriam descartadas, o que diminui a geração de resíduos sólidos.

“Um trabalho de limpeza não deveria deixar resíduos que não possam ser absorvidos pelo meio ambiente. Afinal, não existe lixo ‘lá fora’. Tudo o que produzimos e descartamos continua e continuará no planeta. Por isso, a limpeza deve ser o mais natural e sustentável possível”, afirmou Samanta Fioravante, colaboradora da Rede-Luz da cidade de Florianópolis (Santa Catarina, Brasil) e responsável por implementar o projeto “Limpeza Viva” em Figueira.

De forma gradual, a comunidade também está substituindo as esponjas plásticas por buchas vegetais. As esponjas liberam microplásticos nos oceanos, no solo, na atmosfera e ainda demoram centenas de anos para se decompor. Já as buchas, que são a fibra seca do fruto da trepadeira Luffa cylindrica, podem ser colocadas na composteira, nos resíduos sólidos ou devolvidas diretamente à natureza.

O uso da água

Em Figueira, o uso da água para as tarefas diárias e as necessidades pessoais é feito com cuidado e economia, pois a consciência de que se trata de uma substância vital, curativa e sagrada está sempre presente.

A água potável consumida na comunidade não provém do sistema de abastecimento público, mas é captada nos lençóis artesiano e freático das fazendas. Já a água não potável é oriunda de represas artificiais e serve para irrigação, descarga de vasos sanitários e limpeza de veículos.

Ademais, a água da chuva é captada, armazenada e direcionada à infiltração no subsolo. Isso é feito para elevar o nível do lençol freático, que diminuiu significativamente devido às mudanças no ciclo hidrológico causadas pelas intervenções humanas no meio ambiente.

Para que esse sistema alternativo de abastecimento funcione de maneira adequada, o Setor de Águas de Figueira realiza um amplo planejamento e também a manutenção permanente.

Água - Comunidade-Luz Figueira

Energia solar

A ampliação do uso de fontes alternativas de energia é outra meta da comunidade. Existem painéis solares fotovoltaicos, que convertem a luz solar em eletricidade, instalados em diversos pontos das fazendas.

A energia gerada por esses sistemas, considerada inesgotável, limpa, econômica e sustentável, é utilizada para iluminação, aquecimento de água e funcionamento de aparelhos elétricos.

Reflorestamento

Figueira realiza o reflorestamento de diversas áreas com flora nativa, sobretudo no entorno das nascentes de água. Como já foi citado, a maioria das fazendas também cultiva agroflorestas, aliando o plantio de alimentos à recuperação e à conservação florestal.

Saiba mais

Ao mostrar que é possível viver em harmonia e colaboração com os Reinos da Natureza, sempre investindo em soluções sustentáveis para manter suas atividades, a Comunidade-Luz Figueira nutre os seres de amor e paz e ajuda a regenerar a Terra.

Para saber mais, acesse o site oficial da Comunidade-Luz Figueira.

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