Os habitantes deste planeta foram presenteados com a beleza e a presença de Reinos que eles ainda não respeitam ou compreendem. O Reino Mineral, por exemplo, molda e adorna a Terra com oceanos, rios, cataratas, onde 3% é de água doce e 97% de água salgada.

No Brasil, por exemplo, há cerca de 12% de toda a água doce existente na Terra. Por outro lado, quase duas dezenas de países sofrem com absoluta escassez de água. Brasileiros ou não, os habitantes deste sofrido planeta usufruem de forma recorrente e sem parcimônia de seus recursos naturais, poluindo as águas, explorando os Reinos Mineral, Vegetal e Animal; expressando muitas vezes grande falta de gratidão.

Esse misterioso líquido vai muito além de matar a sede e proporcionar a higiene. Para perceber seu mistério é preciso estar diante dele e de seu magnetismo e resplendor com respeito e abertura, para reconhecer, pouco a pouco, o que realmente é. Diante da água, não deveria haver outra atitude exceto reverenciá-la e usá-la com parcimônia, nutrindo o sentimento de gratidão em nós e agradecendo-lhe por todo o bem que nos faz. Assim, juntamente com o simples ato de abrir e fechar a torneira deveria estar implícito o esforço de não desperdiçar água.

A prática do não desperdício pode ser exemplificada na mudança de pequenos hábitos:

– ao lavar uma verdura, primeiro “lavar” com os olhos, verificando folha por folha. Em seguida colocar um recipiente para acolher a água que cai e depois utilizá-la para regar plantas, para lavar o chão;

– ao abrir o chuveiro, colocar baldes para recolher a água fria e utilizá-la para a descarga ou limpeza;

– dar descargas curtas, reparar torneiras e canos, cuidando, enfim, desses “detalhes” que fazem toda a diferença.

– aos que moram em condomínios, é indicado deixar de lado o pensamento de que quem economiza paga pelos que não economizam, pois, assim, acabam optando por também não economizar. Cada um precisa fazer o que lhe corresponde.

Nossa reverência e respeito diante da água, que se oferta para o nosso sustento, deveriam ser mantidos de maneira inabalável, mesmo que nosso vizinho a desperdice e a esbanje. Do mesmo modo, deveríamos ser econômicos, independente do volume de água que aparentemente temos para consumir.

Com a água podemos aprender a ser flexíveis e adaptáveis; com a água aprendemos a ser transparentes e a aspirar à pureza que ela representa e irradia.

“O papel do Reino Mineral na purificação é bem claro. Na transmutação vamos ver o que o mar faz realmente neste Planeta; e na sustentação, porque sem água, o Reino Humano não pode viver, o Reino Animal não pode viver e o Reino Vegetal também não pode viver. Então, veja que Reino importante é esse do ponto de vista evolutivo: ele cumpre fielmente tudo para o que foi colocado aqui neste Planeta, isto é, para a purificação, a transmutação e a sustentação”, esclarece Trigueirinho na série “Planeta Terra um Ser em Redenção”.

Já há partes da Terra onde a água inexiste na superfície. Foi dito que a partir da marca de 6 bilhões de habitantes, o planeta sofreria uma escassez crônica de água. Exaurido, o planeta carrega mais de 7 bilhões de pessoas, o que aumentou drasticamente a demanda e agravou os conflitos ocasionados e justificados, pelos conflitantes, por sua escassez relativa.

Estaria esta humanidade preparada para sobreviver se a água se retirasse? Poderíamos fazer um exercício em relação ao consumo da água: imaginemo-nos com poucos recursos, precisando rever nossos hábitos cotidianos. O momento pede que estejamos vigilantes e atentos nos atos aparentemente simples, como abrir uma torneira, acender uma luz ou ligar um aparelho eletrônico, adequando nossos usos à necessidade.

Enquanto milhares de pessoas espalhadas pelo mundo, sem acesso à água, olham para o céu clamando por chuva, ou resignam-se e veem expressões de vida definharem dia após dia, sugerimos uma reflexão: que busquemos a instrução disponível sobre os Reinos, sobre a água e uma relação correta com ela, sobre sua importância na vida de todos. Que deixemos que a compaixão evoque em cada um a necessidade de cuidar, de não desperdiçar “nem uma gota”.

Que a água não seja vista e tratada apenas como bem essencial à vida, à saúde, à economia, à indústria ou à agricultura. Ela se oferta, sim, mas que possamos percebê-la como algo muito além do que aquilo que é visto escorrer pelas torneiras.

Que aprendamos a amá-la e que possamos recebê-la com parcimônia e gratidão, como um elemento sagrado. Que ao tocá-la toquemos os dedos de Deus.