Casa_Acolhimento-09-08-2016_02A Casa do Acolhimento de São José, local administrado pelos Missionários da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional, em Carmo da Cachoeira, Minas Gerais, Brasil, começa a abrir oportunidades para que as pessoas que recebem sua ajuda possam ocupar seu tempo em atividades positivas e dessa forma sustentar seu processo de recuperação. A maioria vem de longos anos na rua e sofre problemas de alcoolismo ou dependência de drogas.

Alguns iniciaram tarefas de melhorias no local, com consertos e pintura de paredes assim como a construção de muros dentro da Casa de Acolhimento de São José. Outros começaram a descompactar o solo e a remover escombros, com a ajuda de um trator da Prefeitura, enquanto alguns já se puseram a preparar canteiros para criar uma horta. “Desde o início de seu funcionamento, em 12 de julho passado, mais ou menos 50 irmãos se aproximaram da casa. Dez deles criaram um vínculo conosco e vêm todos os dias, sendo que dois aceitaram ser encaminhados para clínicas de recuperação. Outros pararam espontaneamente e hoje vivem sóbrios, sem nenhuma ação específica de nossa parte. Alguns decidiram voltar para suas casas, reconciliaram-se com seus familiares e hoje vivem processos individuais de recuperação”, contou Bento, um dos Missionários encarregado do funcionamento da Casa do Acolhimento de São José.

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Roupas limpas para os acolhidos.

“Nós lhes servimos as três refeições do dia, mas colocamos como condição que comecem a mostrar mudanças de conduta, porque a ideia não é contribuir para a dependência”, prosseguiu. Os horários das refeições são: desjejum, de 8h às 9h; almoço, de 12h a 13h; e jantar, de 18h a 19h. Também há um horário de banho, que é de 11h a 12h. Eles chegam, tomam um banho, trocam de roupa e logo se sentam à mesa. “Nós comemos com eles, fazemos uma oração e logo nos alimentamos em silêncio. Na casa não está permitido conversas desarmoniosas, eles compreendem e se adaptam perfeitamente. Depois do almoço lavam suas roupas e no dia seguinte já têm novamente o que vestir”, observou Bento.

Em sua opinião, a Casa do Acolhimento de São José deve agora dar um outro passo: buscar a forma de reinserir na sociedade as pessoas que estão respondendo aos estímulos e apoio que estão recebendo. “Tivemos uma reunião com as pastorais da Igreja Católica, mais ou menos 40 pessoas, e elas se mostraram dispostas a ajudar. O pároco da cidade nos apoia, já nos visitou e está muito contente com nosso trabalho. Gente da Pastoral da Saúde também já veio e se colocou disponível. Creio que com eles poderíamos criar uma espécie de bolsa de emprego para as pessoas que entram em processo de recuperação”, explicou Bento.

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Remoção de entulhos para preparo de canteiros.

“Valorizo muito a hospitalidade que me dão nessa casa, o calor humano com que me tratam, aqui eu sinto a presença de Deus. Ele te dá uma oportunidade e tens que saber aproveitá-la, agora já estou disposto a fazer o esforço para mudar de vida, para sair da rua, tenho novamente esperança para lutar, com o apoio desses irmãos que são tão bons comigo”, comenta Ailton durante uma breve pausa para tomar um café e assim aliviar a pressão do organismo habituado ao álcool. Ante uma pergunta prossegue: “De agora em diante quero conseguir um emprego, um trabalho que me permita pagar um pequeno quarto onde viver e assim poder sair da rua. No momento, estou fazendo alguns serviços aqui porque não se pode só receber, é preciso dar também”, afirma. “A princípio, eu vinha aqui só nas horas das refeições mas agora já passo todo o dia fazendo alguns serviços. Não tenho família em Carmo da Cachoeira, sou de outra cidade”, complementa. Logo, em silêncio, retoma sua atividade de colocar reboco e fazer pintura numa das paredes.

Casa_Acolhimento-09-08-2016_05A Casa do Acolhimento de São José está aberta todos os dias, vive de doações e recebe a colaboração de todas as pessoas que estejam dispostas a ajudar, com serviços ou apoio material. As principais necessidades são alimentos, roupas, itens de higiene pessoal e de limpeza de casa.